“Nunca subestime a queixa de um paciente - relato de caso”
Paciente RSCC, fem. ,43 anos em 2010, quando fez sua primeira consulta para avaliação para realização de atividade física. O único dado de história clínica era o uso rotineiro de anticoncepcional.
Realizou exames bioquímicos de rotina, todos normais. Seu Ecocardiograma foi normal, bem como seu Teste Ergométrico, máximo, boa aptidão, MET= 10,52 (normal), com Pressão Arterial máx. atingida de 160/80 mmHg (normal). Foi liberada para atividade física de baixo impacto.
Retornou após 1 ano, em Dez/11, não tendo feito a atividade prescrita. Porém, se queixava de recorrências de parestesias (“formigamentos”) na face esquerda, no Membro Supremo erior Esquerdo e no Membro Inferior Esquerdo. Valorizei as queixas, no exame clínico havia uma muito discreta diferença de reflexos tendinosos à esquerda, para menos. Solicitei exames, sendo que os únicos alterados foram o Colesterol VLDL=52 mg/dl e os Triglicérides = 261 mg/dl.
Havia solicitado um Eletrencefalograma, que evidenciou sinais de acometimento da atividade elétrica cortical no Hemisfério Direito (os sintomas cerebrais são “cruzados”, i. e. , lesão direita-sintomas à esquerda), mais evidentes nas áreas frontais. E pedi uma Angiorressonância das Artérias Cerebrais, que mostrou uma ESTENOSE (estreitamento) EM TORNO DE 50% no segmento M1, próximo à Artéria Cerebral Média Direita. O tecido cerebral estava preservado.
Esta paciente fazia espasmos na área da estenose, o que gerava os sintomas.
Entrei na prescrição, com antiagregantes plaquetários. Os sintomas sumiram e a paciente está bem até hoje.
LIÇÃO DO CASO: nunca subestime sintomas sem os investigar. Muitas vezes pacientes com sintomas deste tipo são tratados como Transtorno de Ansiedade e, no final, felizmente pouco frequentes, há uma lesão arterial ou cerebral que necessitam de tratamento e não foram diagnosticadas.