terça-feira, 4 de agosto de 2009

O Sal e a Pressão Alta


Redução na Ingestão de Sal/Sódio

O sal (cloreto de sódio — NaCl) há muito tempo tem sido considerado importante fator no desenvolvimento e na intensidade da hipertensão arterial. Hoje em dia, a literatura mundial é praticamente unânime em considerar a forte correlação entre a ingestão excessiva de sal e a elevação da pressão arterial. No âmbito populacional, a ingestão de sal parece ser um dos fatores envolvidos no aumento progressivo da pressão arterial que acontece com o envelhecimento. A hipertensão arterial é observada primariamente em comunidades com ingestão de sal superior a 100 mEq/dia. Por outro lado, a hipertensão arterial é rara em populações cuja ingestão de sal é inferior a 50 mEq/dia. Essa constatação parece ser independente de outros fatores de risco para hipertensão arterial, tais como obesidade e alcoolismo.

Além da redução da pressão arterial, alguns estudos demonstraram também benefícios da restrição salina na redução da mortalidade por acidente vascular encefálico e na regressão da hipertrofia ventricular esquerda. A restrição salina pode ainda reduzir a excreção urinária de cálcio, contribuindo para a prevenção da osteoporose em idosos.

Dessa forma, a restrição de sal na dieta é uma medida recomendada não apenas para hipertensos, mas para a população de modo geral. Tal orientação deve objetivar ingestão em torno de 100 mEq/dia (6 g de sal = 1 colher de chá). Do ponto de vista prático, deve-se evitar a ingestão de alimentos processados industrialmente, tais como enlatados, conservas, embutidos e defumados. Deve-se ainda orientar os pacientes a utilizar o mínimo de sal no preparo dos alimentos, além de evitar o uso de saleiro à mesa, durante as refeições.

O uso de substitutos de sal contendo cloreto de potássio em substituição ao NaCl pode ser recomendado aos pacientes, embora alguns tenham a palatabilidade como fator limitante.

Para que o efeito hipotensor máximo da restrição salina se manifeste, é necessário intervalo de pelo menos 8 semanas. É importante salientar que os pacientes deverão ser orientados para a leitura dos rótulos dos alimentos industrializados, a fim de observar a presença e a quantidade de sódio contidas nos mesmos.


Fontes de maior teor de sódio
• Sal de cozinha (NaCl) e temperos industrializados
• Alimentos industrializados ("ketchup", mostarda, shoyu, caldos concentrados)
• Embutidos (salsicha, mortadela, lingüiça, presunto, salame, paio)
• Conservas (picles, azeitona, aspargo, palmito)
• Enlatados (extrato de tomate, milho, ervilha)
• Bacalhau, charque, carne seca, defumados
• Aditivos (glutamato monossódico) utilizados em alguns condimentos e sopas de pacote
• Queijos em geral

sexta-feira, 10 de julho de 2009

E todos, onde estão ?






Lamentavelmente, a situação da Medicina como profissão e prestação de serviços não está somente depalperada de forma isolada.
O grave desalinhamento das condições de trabalho e da remuneração dos profissionais acompanha as atividades ditas para-médicas ou de saúde, como enfermeiros e auxiliares, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e todos os bio e para-médicos envolvidos na prática da assistência ao próximo. As cada vez mais condições inóspitas de trabalho, no serviço público e até privado, estão assumindo grandes proporções.
Muito temo pelas grandes epidemias, se atingirem o Brasil, serão recepcionadas pelo despreparo e insuficiência de aporte aos serviços. Falta de leitos são uma constante no SUS. Falta de vontade, também. Política, administrativa e, como cobrar, dos funcionários que lá fazem o impossível para tentarem suprir as insuficiências. Como cobrar de gente, seres humanos, que trabalha aquém das parcas condições aceitáveis ? Não há de estarem desestimulados ? Ou, ainda mais justo, vencidos pelo gigante rotineiro do caos ?
Pior do que os médicos, estes servidores têm menos opções de trabalho, pela carga horária que lhes é exigida. Paga-se mal e eles conseguem ter, no máximo, dois empregos formais. E, muitos, heroicamente, ainda fazem horas extras. Outros, ainda se desdobram em fazer "bicos" para cuidar de pacientes domiciliares para tentar suprirem suas despesas e ter uma vida menos desfavorável no conforto.
Isto é justo ? Desde que ingressei na rede acadêmica, e depois como médico, assisto a este tipo de insensatez. Como produzir mais, atualizar-se, ser melhor na profissão e como ser humano, se mal lhe sobra tempo para dormir ? Esta é a rotina de todos os envolvidos com a Saúde, pública ou privada, em qualquer região deste nosso desajustado país.
E quem cobra ? A sociedade ? A imprensa ? Não ! Quando cobram, dirigem suas críticas ao alvo errado, como um verdadeiro "fogo amigo" (da onça !). Almejam seus morteiros às classes dos trabalhadores, como se estes não fossem tampouco as próprias bases aliadas. Aliadas contra o mal comum, o sub-humano parque de descaso do Governo ! Um governo perpetuador da desorganização, da anti-modernidade. Não pelos recursos que até pode prover, como máquinas de diagnóstico, por exemplo. São recursos que dão votos, que fazem publicidade ! Ou alguém já viu um político vangloriando-se por ter reajustado o salário dos servidores ? Quando o fazem, creiam-me que o reajuste foi muito inferior ao justo. Ou aumentado o número de profissionais por turno de trabalho ? Ou ainda, não menos relevante, por ter dado condições dos profissionais se qualificarem melhor e serem mais dedicados nas horas de labuta ? Nada !
Mas, que este "governo" não seja culpado somente na sua face executiva! Também no Judiciário, por todos os trâmites intrínsecos dos códigos que legislam a saúde, pela lentidão e pelo estado de observância catatônica. Porém, final e apocalipticamente, senta-se o Legislativo sobre a mais absoluta negligência quanto aos modelos hoje praticados na saúde pública e privada. Atendem aos lobistas, aos fisiologismos, ao "aparente mas não comprometedor". Atendem aos que podem prover benécies em troca.
Por um vício adquirido em anos de instabilidade econômica e de turbidez da liberdade, os meios de comunicação e a opinião pública condicionaram-se a exigir somente atitudes de decoro e atos que mantenham o país estável. Entretanto, nos subterrâneos do "solo fértil" que o Brasil está, mina-se a base do bem estar físico e social, com uma Educação sofrível, uma Segurança ínfima e uma prestação de serviços de saúde calamitosa. Desta forma, que reinvindiquem dos três poderes o que nos é de direito constitucional. Pagamos por e para isso; e caro!
Por isso, escrevo este blog: tentar sensibilizar a todos, como uma sociedade comum. Quando a implosão ocorrer, será de proporção atômica, súbita e devastadora. depois não digam que não avisei ...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Saúde no Brasil - o problema agrava-se exponencialmente

A situação da Saúde no Brasil está piorando. Há um descontentamento geral, de pacientes, de médicos, dos Hospitais. Quem continua rindo à toa são as empresas de convênio médico. Porque ditam o mercado, estão fazendo sempre lobby no congresso e pressionam o governo para se locupletarem. Isto, se desconsiderarmos que, se falirem, "dão um jeitinho" para não causarem um rombo no status quo. Os pobres conveniados com estas empresas acabam sendo realocados para outras, sem escolha nem opção.
E a qualidade dos médicos ? Sempre concluí que, quanto mais se conhece a ciência médica, mais se tem a desvendar. Há um paralelo: quem nunca sai de sua casa, acha que a porta da rua é seu horizonte e não se interessa pelo que há além. Mas, quem viaja pelo mundo, conhece sua cidade e muitos locais, sempre estará comparando, analisando, refletindo sobre onde esteve e para onde irá, seus detalhes, suas maravilhas. O mesmo está sendo aplicado à filosofia de baratear o custo das consultas médicas. Então, o que temos são médicos inexperientes, de formação duvidosa, sendo aceitos por convênios aéticos. Quanto menos sabem, menos opções de diagnóstico vão formular e menos investigação farão. Menos exames serão pedidos e, finalmente, o custo daquele paciente, no total, irá ser reduzido. Há outro lado, também. Médicos mais bem formados não aceitam honorários aviltantes. O que não acontece com os que não tem outra opção.
E o tempo das consultas ? Cada vez menor. Hoje, para produzir determinado rendimento ao final do mês, o profissional tem que atender muito maior número de consultas. Há 7 anos, a estimativa da perda de poder aquisitivo do valor das consultas era de 456 % !!!!! Isto mesmo !!! E lá se vão 7 anos e nada mudou. Quanto é a perda, atualmente ? Não há dados, mas deve estar muito acima deste valor. Mas, o dia só tem 24 horas, imutavelmente. Eleva-se, desta forma, o número de pacientes atendidos/hora. 4, 6, 10 ...! E, apenas alguns minutos para cada consulta; e o número de erros médicos estão se multiplicando pela má prática. Aonde iremos parar ? A quem culpar ?
Obviamente, a quem dita as regras: o Congresso e seus parlamentares, o Governo, seus Ministérios, especialmente o da Saúde e o da Educação e Cultura, mas também o do Planejamento e o da Fazenda. Advém, desta multiplicidade de fatores, a anarquia. O "Saúde" diz que não tem orçamento, os do Planejamento e da Fazenda não estão dispostos a alocar recursos. Alegam que não os têm. Por que o MEC ? Pela proliferação de Faculdades e Universidades particulares em locais que não há necessidade. Como assim ? Simples: elas estão sendo abertas em grandes centros, onde já há concentração de unidades formadoras. Ninguém irá abrir uma faculdade privada no interior do Pará, do Amazonas e por aí vai. Adicionalmente, o MEC necessita há muito refazer a forma como se ingressa no curso superior e como os estudantes saem dele. O vestibular é inadequado e os cursos são subqualificados. Não interessa às faculdades serem rigorosas nas suas políticas de exame e qualificação. Imaginem mais de dois terços de um turma sendo reprovada no primeiro ano, metade dos que ficaram sendo novamente reprovados, e assim por diante. Quantos irão se formar ? E quantas desistências existirão e poucos se interessariam em cursar uma faculdade difícil, exigente ! Menos alunos, menos receita.
Advém, anualmente, uma enxurrada de médicos sendo colocados num mercado saturado. Os calouros não querem sair dos centros. Por opção, necessidade e falta de incentivo, além de más condições de trabalho em regiões esmas. Mais mão de obra disponível, mais concorrência e menos poder de barganha. Se não aceito, há dez que o fazem. Paga-se o que as empresas querem por consulta. E quem sofre é o paciente, por tudo o que já mencionei.
Recentemente, assisti a um programa de entrevistas com o Ministro da Saúde atual, reclamando da falta de recursos. Mas, então, o que fazer ?
Assunto para uma próxima postagem ...

A vergonha dos convênios de prestação de serviços médicos!

É triste iniciar as postagens com este assunto. Mas muito poucos sabem que a situação da profissão está calamitosa, à beira do caos.
Não queremos justificar a má prática da medicina, mas expor fatos que os usuários dos sistemas de saúde ignoram.
Os médicos do SUS estão realizando trabalho praticamente escravo, com remuneração ínfima e exigências cada vez maiores. A perda salarial é absurda, quando comparada a outras classes de trabalhadores.
Não trabalho pelo SUS, porque tenho opção. Já trabalhei e me sentia muito realizado em tratar pessoas carentes, que reconheciam meu serviço. Mas, as crescentes pioras das condições de atendimento e minha constante indisposição e oposição conflitante com o status da medicina pública, com médicos desmotivados e chefias desinteressadas ao bem social comum, me fizeram afastar-me. Portanto, não me intero de detalhes maiores atualmente.
A condição de trabalho pela atual "medicina privada", com a detenção do mercado de trabalho pelos convênios, é alarmante ! E a expectativa é de piorar. Poucos sabem que, hoje, para o médico ser aceito por determinado convênio ou medicina de grupo, não importa muito seu currículo. Para alguns, isto é o que menos importa ! Muito menos ainda, a sua experiência profissional.
As empresas que tem pessoas conveniadas determinam as regras de mercado. Isto é temerário e absurdo. Por quê ? Basta refletir. Quanto maior o número de indivíduos que determinado convênio tem, maior é seu poder de ditar regras, que nem sempre seguem a moral vigente. Isto determina a qualidade do serviço prestado e a remuneração dos profissionais. Mas não afeta positivamente o quanto se paga pelos seus serviços, pelo contrário!
O brasileiro sempre paga o convênio médico pelo teto. E a concorrência é desleal. Como concorrer com empresas que detêm a maior parte do mercado ? Baixar preços. Só que, ao fazê-lo, vai junto a qualidade do serviço. E quem regulamenta isto ? A ANS (Agência nacional de Saúde Suplementar). O que não é divulgado consiste no fato de ela não ter um produto que ao menos faça frente mínima às empresas privadas. Como assim ?
Bem, a saúde pública está andarilha ! Se a ANS for "fiscalizar" como deve, aonde vai desembocar toda a demanda de prestação de serviço ? Isto mesmo ! Nos Postos e Hospitais do SUS !! Porque a Medicina privada ficará elitizada ou falirá.
E serviços médicos são caros, se forem feitos como se deve. Ninguém contabiliza as horas que o médico (como deve ser) dispensa em se atualizar, em estudar, em até discutir os casos com outros colegas, para melhorar sua assistência aos doentes. Além disto, a biotecnologia evolui na velocidade da luz, bem como é a ciência da Medicina ! E a cada passo, mais cara fica ! E mais complexa !! E mais tempo se vai para acompanhá-las ...
Isto para não dizer que, o último reajuste decente que obtivemos nos nossos honorários foram de 1994, julho, quando se instalou o plano real !! São 15 anos sem reajuste do teto !!!!! Se houve, foram mínimos ... Isto é um assunto para outra postagem.
Bem, vamos parando por aqui.
Aguardemos as dúvidas e comentários. Até ...