A situação da Saúde no Brasil está piorando. Há um descontentamento geral, de pacientes, de médicos, dos Hospitais. Quem continua rindo à toa são as empresas de convênio médico. Porque ditam o mercado, estão fazendo sempre lobby no congresso e pressionam o governo para se locupletarem. Isto, se desconsiderarmos que, se falirem, "dão um jeitinho" para não causarem um rombo no status quo. Os pobres conveniados com estas empresas acabam sendo realocados para outras, sem escolha nem opção.
E a qualidade dos médicos ? Sempre concluí que, quanto mais se conhece a ciência médica, mais se tem a desvendar. Há um paralelo: quem nunca sai de sua casa, acha que a porta da rua é seu horizonte e não se interessa pelo que há além. Mas, quem viaja pelo mundo, conhece sua cidade e muitos locais, sempre estará comparando, analisando, refletindo sobre onde esteve e para onde irá, seus detalhes, suas maravilhas. O mesmo está sendo aplicado à filosofia de baratear o custo das consultas médicas. Então, o que temos são médicos inexperientes, de formação duvidosa, sendo aceitos por convênios aéticos. Quanto menos sabem, menos opções de diagnóstico vão formular e menos investigação farão. Menos exames serão pedidos e, finalmente, o custo daquele paciente, no total, irá ser reduzido. Há outro lado, também. Médicos mais bem formados não aceitam honorários aviltantes. O que não acontece com os que não tem outra opção.
E o tempo das consultas ? Cada vez menor. Hoje, para produzir determinado rendimento ao final do mês, o profissional tem que atender muito maior número de consultas. Há 7 anos, a estimativa da perda de poder aquisitivo do valor das consultas era de 456 % !!!!! Isto mesmo !!! E lá se vão 7 anos e nada mudou. Quanto é a perda, atualmente ? Não há dados, mas deve estar muito acima deste valor. Mas, o dia só tem 24 horas, imutavelmente. Eleva-se, desta forma, o número de pacientes atendidos/hora. 4, 6, 10 ...! E, apenas alguns minutos para cada consulta; e o número de erros médicos estão se multiplicando pela má prática. Aonde iremos parar ? A quem culpar ?
Obviamente, a quem dita as regras: o Congresso e seus parlamentares, o Governo, seus Ministérios, especialmente o da Saúde e o da Educação e Cultura, mas também o do Planejamento e o da Fazenda. Advém, desta multiplicidade de fatores, a anarquia. O "Saúde" diz que não tem orçamento, os do Planejamento e da Fazenda não estão dispostos a alocar recursos. Alegam que não os têm. Por que o MEC ? Pela proliferação de Faculdades e Universidades particulares em locais que não há necessidade. Como assim ? Simples: elas estão sendo abertas em grandes centros, onde já há concentração de unidades formadoras. Ninguém irá abrir uma faculdade privada no interior do Pará, do Amazonas e por aí vai. Adicionalmente, o MEC necessita há muito refazer a forma como se ingressa no curso superior e como os estudantes saem dele. O vestibular é inadequado e os cursos são subqualificados. Não interessa às faculdades serem rigorosas nas suas políticas de exame e qualificação. Imaginem mais de dois terços de um turma sendo reprovada no primeiro ano, metade dos que ficaram sendo novamente reprovados, e assim por diante. Quantos irão se formar ? E quantas desistências existirão e poucos se interessariam em cursar uma faculdade difícil, exigente ! Menos alunos, menos receita.
Advém, anualmente, uma enxurrada de médicos sendo colocados num mercado saturado. Os calouros não querem sair dos centros. Por opção, necessidade e falta de incentivo, além de más condições de trabalho em regiões esmas. Mais mão de obra disponível, mais concorrência e menos poder de barganha. Se não aceito, há dez que o fazem. Paga-se o que as empresas querem por consulta. E quem sofre é o paciente, por tudo o que já mencionei.
Recentemente, assisti a um programa de entrevistas com o Ministro da Saúde atual, reclamando da falta de recursos. Mas, então, o que fazer ?
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